
Dizia Lukács que sem estratégias não seria possível termos táticas. Diante da crise civilizatória que vivemos a pergunta pertinente qual é? Começando do começo. O que é estratégia? Vem do grego strategía, o comando do exército.
“ s. f.,
parte da arte militar que estuda as grandes operações da guerra e lhes prepara o plano;
estratagema;
táctica;
ardil”.
Segundo o Dicionário estratégia teria como sinônimo tática! Vejamos tática: do grego taktiké.
“s. f.,
arte de combater ou ordenar as tropas em posições e locais favoráveis;
fig.,
estratégia ou sistema pensado habilmente de forma a conseguir bons resultados num negócio, num empreendimento, num jogo, etc”.
Então tudo está relacionado a guerra. A luta armada. O dicionário, no caso da expressão “tática” já nos trouxe um sentido figurado, que em muito contribui para a reflexão.
Aqui, no sentido figurado, o dicionário coloca como sinônimos as palavras tática e estratégia.
Deve haver alguma coisa errada ou mal explicada. Ambas são palavras gregas. Por que os gregos criariam duas palavras diferentes que representariam a mesma ação.
Um olhar um pouquinho mais atento nos revela que quem elaborou o dicionário faz um confusão o que não ajuda muito.
Em estratégia temos o verbo estudar. Já na palavra “tática” temos os verbos combater e ordenar. Um teoria, outro prática.
Agora o pensamento de Lukács começa a fazer sentido. A estratégia se faz com tempo e com calma, se estuda. Já a tática tem um tempo-espaço mais curto. É mais imediata.
Irônico que o dicionário classifica o militarismo de “arte”. Mas enfim. Se assim realmente for, então temos um estudo prévio e um improviso que será melhor executado quanto melhor tenha sido o estudo pretérito.
Desta forma, antes de qualquer coisa, precisamos elaborar uma estratégia.
Diante disso devemos passar ao estudo de como se elabora uma estratégia. Devaniando podemos pensar em algumas perguntas essências. Tratando-se de algo militar, significa que temos um inimigo. E se temos um inimigo, temos que vencê-lo.
Mas quem é o inimigo? Eu digo que temos dois. Um externo e um interno. Nada de novo até aí.
Mapiemos o inimigo externo. O sistema financeiro, que é dono de tudo. As elites. A velha luta de classes. Está meio vago ainda? Temos um sistema financeiro, vários bancos e um banco central que emite moeda. Como todo mundo deve dinheiro para eles, de certa forma eles tem todo o sistema produtivo na mão, quando não são de “papel passado” mesmo os donos dos meios produtivos.
Temos dois setores produtivos que podemos, em um primeiro momento, focar a nossa atenção. O setor primário, agricultura, ou seja, produção de alimentos e o setor produtivo secundário, industrial. É isso mesmo? Acho que sim. Produção de bens materiais.
Deixemos por enquanto os prestadores de serviços de fora. Este dois setores que mencionamos são dominados por nossos inimigos. Pessoas que querem explorar a mão de obra de outras, pagar salários de fome e ainda por cima lucrar muito. Grande parte de seu lucro vai para o sistema financeiro em forma de pagamento de empréstimos.
Tendo esse inimigo focado, como podemos tirar das mãos deles esse sistema produtivo de alimentos e industrial. Primeiro, podemos incentivar os nossos produtores, a agricultura familiar e o povo da ecosol. Em segundo lugar, podemos começar a tomar mais e mais fábricas que estejam em processo falimentar. Talvez tenhamos que tomar qualquer fábrica que tenhamos vontade.
De inimigo externo chega por enquanto. Ainda falta visualizar melhor quem é, onde vive e do que se alimenta.
Outro aspecto que temos que conseguir focar é o inimigo interno. Fomos condicionados e educados a viver de uma forma que alimenta esse sistema. Houve uma naturalização de hábitos, condutas e convivências que de normal não possuem absolutamente nada.
Logo temos a necessidade de nos reeducarmos, cambiarmos nosso estilo de vida, nossas ambições. Para isso teremos que mudar hábitos. E de forma massiva. Do contrário, perderemos novamente.
Todo o sistema está estruturado na forma como fomos educados e nos valores e hábitos incutidos pela mídia, ou seja, mudemos nossa forma de viver e eles não terão como se manter.
Reza a lenda que 21 dias é o tempo suficiente para reprogramação celular. Em míseros, mas árduos 21 dias, se consegue alterar hábitos. Neste caso militante os mais urgentes é que mudemos nossa alimentação.
É na alimentação que encontramos mais facilidade de conseguir mudar o destino do nosso dinheiro. Devemos investir nossas migalhas na agricultura familiar e orgânica.
Desta forma é importante que mantenhamos o foco em como conseguir enfraquecer o inimigo. Essa é uma estratégia.
Outra estratégia é nos apoderarmos de meios de comunicação. Precisamos fazer a disputa das mídias .... ela é fundamental para conseguirmos ampliar esse debate sobre como isolar e matar de fome esse sistema.
Outra estratégia é conseguirmos ocupar os espaços democráticos que temos. Ocupar todos e realizar o bom debate. Precisamos treinar nossa retórica e afinar nossos discursos.