Wednesday, February 11, 2009

Como?




Dizia Lukács que sem estratégias não seria possível termos táticas. Diante da crise civilizatória que vivemos a pergunta pertinente qual é? Começando do começo. O que é estratégia? Vem do grego strategía, o comando do exército.

“ s. f.,
parte da arte militar que estuda as grandes operações da guerra e lhes prepara o plano;
estratagema;
táctica;
ardil”.

Segundo o Dicionário estratégia teria como sinônimo tática! Vejamos tática: do grego taktiké.

“s. f.,
arte de combater ou ordenar as tropas em posições e locais favoráveis;

fig.,
estratégia ou sistema pensado habilmente de forma a conseguir bons resultados num negócio, num empreendimento, num jogo, etc”.

Então tudo está relacionado a guerra. A luta armada. O dicionário, no caso da expressão “tática” já nos trouxe um sentido figurado, que em muito contribui para a reflexão.
Aqui, no sentido figurado, o dicionário coloca como sinônimos as palavras tática e estratégia.
Deve haver alguma coisa errada ou mal explicada. Ambas são palavras gregas. Por que os gregos criariam duas palavras diferentes que representariam a mesma ação.
Um olhar um pouquinho mais atento nos revela que quem elaborou o dicionário faz um confusão o que não ajuda muito.
Em estratégia temos o verbo estudar. Já na palavra “tática” temos os verbos combater e ordenar. Um teoria, outro prática.
Agora o pensamento de Lukács começa a fazer sentido. A estratégia se faz com tempo e com calma, se estuda. Já a tática tem um tempo-espaço mais curto. É mais imediata.
Irônico que o dicionário classifica o militarismo de “arte”. Mas enfim. Se assim realmente for, então temos um estudo prévio e um improviso que será melhor executado quanto melhor tenha sido o estudo pretérito.
Desta forma, antes de qualquer coisa, precisamos elaborar uma estratégia.
Diante disso devemos passar ao estudo de como se elabora uma estratégia. Devaniando podemos pensar em algumas perguntas essências. Tratando-se de algo militar, significa que temos um inimigo. E se temos um inimigo, temos que vencê-lo.
Mas quem é o inimigo? Eu digo que temos dois. Um externo e um interno. Nada de novo até aí.
Mapiemos o inimigo externo. O sistema financeiro, que é dono de tudo. As elites. A velha luta de classes. Está meio vago ainda? Temos um sistema financeiro, vários bancos e um banco central que emite moeda. Como todo mundo deve dinheiro para eles, de certa forma eles tem todo o sistema produtivo na mão, quando não são de “papel passado” mesmo os donos dos meios produtivos.
Temos dois setores produtivos que podemos, em um primeiro momento, focar a nossa atenção. O setor primário, agricultura, ou seja, produção de alimentos e o setor produtivo secundário, industrial. É isso mesmo? Acho que sim. Produção de bens materiais.
Deixemos por enquanto os prestadores de serviços de fora. Este dois setores que mencionamos são dominados por nossos inimigos. Pessoas que querem explorar a mão de obra de outras, pagar salários de fome e ainda por cima lucrar muito. Grande parte de seu lucro vai para o sistema financeiro em forma de pagamento de empréstimos.
Tendo esse inimigo focado, como podemos tirar das mãos deles esse sistema produtivo de alimentos e industrial. Primeiro, podemos incentivar os nossos produtores, a agricultura familiar e o povo da ecosol. Em segundo lugar, podemos começar a tomar mais e mais fábricas que estejam em processo falimentar. Talvez tenhamos que tomar qualquer fábrica que tenhamos vontade.
De inimigo externo chega por enquanto. Ainda falta visualizar melhor quem é, onde vive e do que se alimenta.
Outro aspecto que temos que conseguir focar é o inimigo interno. Fomos condicionados e educados a viver de uma forma que alimenta esse sistema. Houve uma naturalização de hábitos, condutas e convivências que de normal não possuem absolutamente nada.
Logo temos a necessidade de nos reeducarmos, cambiarmos nosso estilo de vida, nossas ambições. Para isso teremos que mudar hábitos. E de forma massiva. Do contrário, perderemos novamente.
Todo o sistema está estruturado na forma como fomos educados e nos valores e hábitos incutidos pela mídia, ou seja, mudemos nossa forma de viver e eles não terão como se manter.
Reza a lenda que 21 dias é o tempo suficiente para reprogramação celular. Em míseros, mas árduos 21 dias, se consegue alterar hábitos. Neste caso militante os mais urgentes é que mudemos nossa alimentação.
É na alimentação que encontramos mais facilidade de conseguir mudar o destino do nosso dinheiro. Devemos investir nossas migalhas na agricultura familiar e orgânica.
Desta forma é importante que mantenhamos o foco em como conseguir enfraquecer o inimigo. Essa é uma estratégia.
Outra estratégia é nos apoderarmos de meios de comunicação. Precisamos fazer a disputa das mídias .... ela é fundamental para conseguirmos ampliar esse debate sobre como isolar e matar de fome esse sistema.
Outra estratégia é conseguirmos ocupar os espaços democráticos que temos. Ocupar todos e realizar o bom debate. Precisamos treinar nossa retórica e afinar nossos discursos.

Monday, February 09, 2009

É ... que outro mundo é possível? Breve avaliação do FSM!


O FSM em Belém refletiu o que vinha se ampliando em Porto Alegre no decorrer de suas edições. Uma série de painéis, com palestras e gente falando aquilo que se lê em seus artigos semanais e/ou diários. Ou seja, ao invés de lermos o artigo do Emir Sader, por exemplo, eu apreciava a retórica (no sentido Aristotélico, i.e., algo positivo) do sociólogo.

Claro que não podemos esquercer a feira de artesanato, algo que com as devidas ponderações por que depende do artesanato (é que surgem missangas plásticas, o artesanato produzido em série, sabe como é!). Também devemos fazer referência a toda a espécie de suvenirs expostos a venda, como camisetas, chaveiros, lenços, DVD piratas (com bons filmes e documentários diga-se), etc.

Desconfio que as mostras culturais é o que temos de mais revolucionário. Cultura popular, música popular, artesanato e produção popular. Espaços onde o capital tem mais dificuldade de intervir.

O FSM de 2009 também, a exemplo de PoA serviu de palanque para políticos sedutores (aqui a retórica em seu sentido negativo, pois seduzir na política é o mesmo que fazem as agências publicitárias, ou seja, uma violência contra a tua liberdade de escolha. Mas deixemos esse debate para outra oportunidade) e também para politicos mais honestos e democráticos. Ao menos no discurso. Dilma Rousef, por exemplo, ao contrário de Lula, usa de um discurso de racionalidade, extremamente cauteloso é verdade (a mídia estava na torcida por uma palavra mais radical da ministra) mas um discurso que primava pela lógica. Chato sem dúvida. Nada empolgante. Mas honesto, no sentido que te deixa espaço para refletir. Não te seduz. Não te fala o que quer ouvir. Será que é por inabilidade dela em ter esse discurso sedutor a lá Lula ou ela prima realmente pelo discurso democrático?

Mas voltando ao FSM. Ele deveria ser o espaço para definições políticas, articulação entre os movimentos para que pautas e lutas comuns fossem tiradas. Ações conjuntas realizadas. Debates sobre o que fazer e como aglutinar esforços para mais uma vez na história tentarmos tirar o Estado das mãos destes que controlam os sistemas financeiros e as mídias. Ou melhor tirar o sistema financeiro e as mídias desses que as detém atualmente. Enfim, algo mais pragmático, objetivo, vivo.

Em um debate que reuniu Emir Sader, Michael Löwy e Luis Hernández Navarro, uma advertência se repetiu com diferentes matizes: o próprio FSM não está livre dessas ondas. Ou define uma estratégia de luta política que leva em conta o que pode ocorrer nos próximos meses, ou corre o risco de ser soterrado pelos escombros do mundo atual.

Ou seja, o FSM não pode se transformar no mísero direito de balançar as pernas do enforcado, se é que me entendem. O pessoal do direito chama de ius isperniandi. Não pode ser apenas isso.

Tenho a esperança que o FSM não irá confirmar o velho ditado do Barão de Itararé que dizia “De onde menos se espera é dali mesmo que não sai nada”. Acho que algo pode sair do encontro de mais prático e objetivo. Não sei o que, mas chances existem. Os Movimentos Sociais (mais uma vez eles) conseguiram tirar uma agenda. Já a plenária final do FSM é melhor que caia no esquecimento.

Quanto ao Acampamento Intercontinental da Juventude, com razão abandonou o subtítulo de “Cidade das Cidades”. Beirava não ser um acampamento, capit? E ao contrário do que alguns otimistas dizem, não vi uma juventude tão ávida assim por mudanças. Vi sim uma juventude ávida por sexo, drogas e rock n'roll. Coisa que nossos pais e até avós de alguns que lá estavam já faziam nas décadas de 60 e 70. O que aquela geração conseguiu vivemos o resultado.

Uma das experiências hilárias do AIJ, que se realizou na UFRA, era ir nas tendas localizadas naquele campus. Salvo grandes “celebridades” presentes, os painéis de debates e tendas eram frequentados por quem? Claro, por eles e elas, os que já tinham dado adeus a juventude física a alguns anos ou décadas! Acredito que seus espíritos ainda são jovens. Os velhos militantes me dão mais esperança do que os novos.

Lembremos ainda dos 146 milhões de reais despejados em Belém para o FSM. Não haviam ônibus suficientes para o transporte!! Porto Alegre em sua última edição contou com 15 milhões. Me recordo de ter banheiros suficientes e de transporte para PUC (argh!) todos os dias, com ar condicionado! Não vou listar todos os problemas estruturais do FSM. Mas onde foram investidos os 146 milhões mesmo? Seria na estrada nova que fizeram entre a UFRA e a UFPA? Asfalto colocado para gringo ver, já que a comunidade não sabia o que era recapagem a anos! Melhor que nada, dizem! Bueno, viva o povo de Terra Firme, mesmo com toda a violência que lá existe, são heróis que não se deram conta de sua força!

Deixemos também a desprogramação de lado, chega de falar mal do FSM.

Afinal, e para concluir, sempre é um encontro válido. Muito pior seria se o FSM não existisse. Ficou um pouco o cheiro de engodo é verdade, contudo ainda é o nosso engodo e as nossas contradições.

Realmente um lugar em que temos a Eletronorte que constrói barragens e que tem lá também o movimento nacional de luta contra as barragens, um lugar que tem “recarga vivo”, “recarga tim”, máquinas de coca-cola (com o ridículo disfarce de “geladão”) e ao mesmo tempo faixas anticapitalistas irá construir um outro mundo. Não tenhamos dúvida, um outro mundo sempre é possível e é contruído todos os dias. Mas qual outro mundo é possível? Esse slogan é um copo vazio, mas não esqueçamos que um copo vazio está cheio de ar!

Sejamos claros camaradas! Queremos um mundo que não seja capitalista e que seja extremamente democrático. Larguemos de papo-furado!

O grande aspecto positivo desta edição do FSM foi sem dúvida a possibilidade de maior diálogo e conhecimento dos povos indígenas. Talvez nos povos originários encontremos as respostas que precisamos para criar um outro mundo que abandone e faça do capitalismo parte da história!


Sunday, February 08, 2009

A mudança de hábitos como forma de romper com o sistema capitalista






Camaradas, quero debater com vocês hoje sobre a necessidade de mudarmos nossos hábitos.
Os nossos hábitos é que garantem a ordem social vigente. Quando optamos por lutar contra a ordem
organizada pelos grandes capitalistas, donos do sistema financeiro, donos dos meios de comunicações
e da indústria do cinema que molda nossos hábitos e nos diz o qual é o estilo e o modo de vida que
devemos ter, necessário se faz termos a consciência que apesar de termos sido educados a viver desta maneira
devemos romper com isso, como uma forma de luta cotidiana.
Sem dúvida trata-se de uma luta complicada, mas necessária. Quando olhamos para história, vemos que de quase tudo
já se tentou. Não tivemos exito camaradas. O capital permeia tudo. A URSS estava recheada de investimentos capitalistas
e era uma nulidade em termos democráticos. O capital encontra solo fértil quando o ingrediente democrático está
ausente.
As mobilizações de massa são fracas e o medo é o que vige. O ser humano receia mudanças, mesmo que a realidade
seja miserável e domesticada.
Percebam, quando compramos carros novos, alimentamos a indústria automotiva. Quando destruímos nossos corpos
com hábitos não saudáveis, quem está no poder, e infelizmente poder também é força, os que dominam se regozijam!
Quando consumimos os programas de TV, rádio, jornal, internet devemos ter muito cautela em quem estamos ouvindo.
Qualquer coisa industrializada, principalmente alimento e vestuário e tecnologia, quando os consumimos,
alimentamos e fortalecemos aqueles que queremos derrubar.

Assim sendo camaradas, temos o devir revolucionário de mudarmos os nossos hábitos de forma violenta, que nos
causará, sem sombra de dúvida desconforto, e em alguns mais apegados a essa forma de viver até sofrimento. Mas
isso tem se mostrado indispensável.
Camaradas, fiquemos atentos ao que de fato temos condições de atingir em prazo imediato.
Devemos deixar de consumir produtos produzidos por grandes conglomerados capitalistas. Por exemplo:
Não devemos tomar cerveja produzida pela ambev. Não devemos fumar cigarros produzidos pelas grandes do cigarro.
Mas vocês se perguntam: Mas como isso?
Estamos completamente cercados seu idiota!
Como seria isso possível nas grandes metrópoles? A resposta é essa: Consumamos o mais artesanal
possível. Consumamos o orgânico e o produzido por cooperativas. Consumamos alimentos in natura!
Devemos mapear os locais onde estes produtos estão disponíveis e organizarmos nossas compras e assim proceder
todos os dias.
Nossas comprar roupas também neste sentido. Compremos os produtos produzidos pela economia popular solidária.
Nosso custo de vida provavelmente vai aumentar, mas temos que fortalecer esses setores.
Precisamos aumentar o nosso conhecimento sobre como se alimentar e sobre como administrar o nosso corpo
e desta forma conseguir entender que precisamos de uma alimentação que tenha como base o consumo de alimentos
in natura (frutas, hortaliças, legumes, cereais) ao invés de alimentos processados. Devemos reduzir o consumo
de animais e de seus produtos derivados.
É necessário disciplina camaradas, mas se nao tivermos essa consciência e essa mudança de hábitos teremos que contar
com uma intervenção intergalática, contar com ecatombes naturais para essa máquina da morte pare. É temerário
contarmos com isso. Precisamos acordar e reagir.
Aquelas(es) mais ousadas(os) que tiverem a oportunidade devem aproveitar a chance e ir viver em comunidades
alternativas e que pratiquem a autosustentabilidade, devem fazê-lo imediatamente para que tenhamos mais controle
sobre as formas produtivas.
Não se trata de abandonar a sociedade, mas sim de enfraquecer aqueles que acham que podem domesticar seus semelhantes.
Devemos dizer: Não queremos a sua comida! Não queremos a sua roupa! Não queremos os teus valores e hábitos!
Trabalhadores e trabalhadoras, tomem as fábricas! Fundem cooperativas! Seus empregos serão destruídos de qualquer
forma, não se iludam. Mais uma crise está ai! Mas uma vez as mesmas famílias vão lucrar as custas das milhões
de vidas que irão perecer em guerras que eles já estão fomentando! Vermes! Não, chamar vocês de vermes é uma
ofensa aos vermes que prestam um serviço inestimável a natureza e a vida! Sois um vírus, um parasita que destrói
os teus semelhantes e teu local de vida, na maior prova de tua completa irracionalidade!

Por fim, quero chamar a atenção que precisamos parar imediatamente! Precisamos mudar urgentemente os nossos hábitos!
Assim ficaremos mais fortes e eles mais fracos. Assim teremos mais condições de fazer a revolução necessária!
Camaradas, isso é apenas parte daquilo que precisamos fazer, mas é fundamental! Eles confiam na mídia! Devemos
peremptóriamente desobedecer o que a mídia nos diz! Mudemos nossos hábitos, fortaleçamos os nossos meios de produção!
Desintoxiquemos os nossos corpos! Mudemos o nosso vestuário! Mudemos nossa forma de morar! E nada de carro zero!
Devemos apenas comprar carros se estritamente necessário e deve ser usado!
Abandonemos o sonho de vida estadunidense! Olhemos para os índios, com eles temos o que aprender!

Sorte a tod@s e viva a Revolução! A história apresenta nova chance, venceremos!