Tuesday, October 09, 2007

O sangue da direita

A direita é de direita e gosta de sangue. Quando não consegue impor suas idéias e seus interesses, apela para a força, sem limites, não importa quanto sangue corra. Quando discute, trata de impor as condições de sangue: até hoje a Alemanha, país que promoveu a maior “limpeza étnica” da história da humanidade, com o nazismo, mantém o direito de cidadania vinculado ao sangue, isto é, à ascendência alemã e não ao direito de território, que continua negando, mesmo aos netos de turcos, por exemplo, os mesmos direitos dos alemães de origem sanguínea.Por mais que certa imprensa promova o charme de Sarkozy, o novo presidente da França, ele não esconde sua ideologia e seu programa de governo. Os imigrantes são vítimas privilegiadas, com lista de expulsão, valendo-se da cobertura de ex-dirigentes socialistas reconvertidos ao governo de direita e ministros e ministras de origem árabe, para fazer o trabalho sujo.Entre eles, uma proposta, já aprovada pelo Senado, de exames de DNA para confirmar se um imigrante que solicita ingresso na França como filho ou filha, tenha realmente esse vínculo. Apelam para a prova de sangue, que lhes parece a prova irrefutável do vínculo familiar.A reação não se fez esperar. Quem lançou a campanha de reação, na falta de dirigentes políticos que o façam - desconcertados ainda pela derrota eleitoral e as renúncias de dirigentes socialistas que foram ao governo e ao FMI, nomeados por Sarkozy -, foi o semanário de humor Charlie Hebdo. Com um manifesto que diz que a proposta do governo “introduz a genética na era de uma utilização, não mais apenas médica e judiciária, mas a partir de agora em função de um controle estatal”.Ela coloca três tipos de problemas, segundo o manifesto. Em primeiro lugar, de ordem ética. “A utilização de testes de DNA para saber se uma criança pode vir ou não reunir-se a um parente na França coloca diretamente esta questão: desde quando a genética vai decidir quem tem o direito ou não de se instalar em um território? Além disso, desde quando uma família deveria se definir em termos genéticos? Seu pai ou sua mãe são as pessoas que dão amor, proteção e educação aos que eles reconhecem como seus filhos.”Esse projeto de lei vai, também, destruir o importante consenso da lei sobre a bioética que impedia as utilizações da genética contrarios à concepção da França da civilização e da liberdade.Finalmente, segundo o manifesto de Charlie Hebdo, se inscreve em um contexto de suspeita generalizada e recorrente em relação aos estrangeiros que chegam para ameaçar a vida da sociedade. As eventuais fraudes sobre regraupação familiar são reconhecidamente marginais em relação às cifras de crianças. “Em outras palavras, o projeto de lei instaurando o DNA não tem como função lutar contra uma fraude hipotética, mas sim participar dessa visão dos imigrantes que nós recusamos com toda energia.”Trata-se, assim, diz o manifesto, de um projeto de lei que, nos planos ético, científico e da vida em comunidade, introduz mudanças profundamente negativas. E solicita uma adesão que leve o governo a retirar a proposta que introduz uma reposta biológica a uma questão política, a romper as condições estáveis de um debate democrático, sereno e construtivo sobre as questões ligadas à imigração.As adesões foram generalizadas, desde artistas que não costumam se pronunciar sobre temas políticos, como Jeanne Moreau, Isabelle Adjani, dirigentes da oposição, como Ségolène Royal, Laurent Fabius, Pierre Mauroy, intelectuais como Jorge Semprun, Bernard-Henry-Lèvy, mas também políticos de direita, do mesmo partido de Sarkozy, como Dominique de Villepin ou de centro, como o ex-candidato à presidente, François Bayrou.A direita pode tentar se esconder atrás de declarações pretensamente progressistas sobre direitos sociais, diversidade cultural, etc, mas em certos temas sua visão repressiva e violenta se revela plenamente. Daí sua oposiçao feroz às políticas de cotas na educação, no trabalho, daí suas posições preconceituosas sobre os imigrantes, daí seu apelo aos argumentos de sangue ou diretamente à repressão sangrenta.

Postado por Emir Sader

Che - Breve biografia

Ernesto Guevara de la Serna nasce na cidade argentina de Rosário no dia 14 de junho de 1928, no seio de uma família aristocrática porém de idéias socialistas. Desde pequeno sofre ataques de asma e por essa razão em 1932 se muda para as serras de Córdoba. Estudou grande parte do ensino fundamental em casa com sua mãe. Na biblioteca de sua casa havia obras de Marx, Engels e Lenin, com os quais se familiarizou em sua adolescência.
Em 1947 Ernesto entra na Faculdade de Medicina da Universidade de Buenos Aires, motivado em primeiro lugar por sua própria doença e desenvolvendo logo um especial interesse pela lepra. Durante 1952, realiza uma longa jornada pela América Latina, junto com seu amigo Alberto Granados, percorrendo o sul da Argentina, o Chile, o Peru, a Colômbia e a Venezuela. Observam, se interessam por tudo, analisam a realidade com olho crítico e pensamento profundo. Ernesto regressa a Buenos Aires decidido a terminar o curso e no dia 12 de julho de 1953 recebe o título de médico.
Em julho de 1953, inicia sua segunda viagem pela América Latina. Nessa oportunidade visita Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Panamá, Costa Rica, El Salvador e Guatemala. Ao visitar as minas de cobre, as povoações indígenas e os leprosários, Ernesto dá mostras de seu profundo humanismo, vai crescendo e agigantando seu modo revolucionário de pensar e seu firme antiimperialismo. Na Guatemala conhece Hilda Gadea, com quem se casa e de cuja união nasce sua primeira filha.
Convencido de que a revolução era a única solução possível para acabar com as injustiças sociais existentes na América Latina, em 1954 Guevara marcha rumo ao México, onde se une ao movimento integrado por revolucionários cubanos seguidores de Fidel Castro. Foi aí onde ele ganhou o apelido de "Che", por seu jeito argentino de falar.
A fins da década de 1950, quando Fidel e os guerrilheiros invadem Cuba, Che os acompanha, primeiro como doutor e logo assumindo o comando do exército revolucionário. Finalmente, no dia 31 de dezembro de 1958, cai o ditador cubano Fulgencio Batista.
Após o triunfo da Revolução, Che Guevara se transforma na mão direita de Fidel Castro no novo governo de Cuba. É nomeado Ministro da Indústria e posteriormente Presidente do Banco Nacional. Desempenha simultaneamente outras tarefas diversas, de caráter militar, político e diplomático. Em 1959 casa-se, em segundas núpcias, com sua companheira de luta, Aleida March de la Torre, com quem terá mais quatro filhos. Visitam juntos vários países comunistas da Europa Oriental e da Ásia.
Oposto energicamente à influência norte-americana no Terceiro Mundo, a presença de Guevara foi decisiva na configuração do regime de Fidel e na aproximação cubana ao bloco comunista, abandonando os tradicionais laços que tinham unido Cuba e Estados Unidos.
Em 1962, após uma conferência no Uruguai, volta à Argentina e também visita o Brasil. Che Guevara esteve ainda em vários países africanos, principalmente no Congo. Lá lutou junto com os revolucionários antibelgas, levando uma força de 120 cubanos. Depois de muitas batalhas, terminaram derrotados e no outono de 1965 ele pediu a Fidel que retirasse a ajuda cubana.
Desde então, Che deixou de aparecer em atividades públicas. Sua missão como embaixador das idéias da Revolução Cubana tinha chegado ao fim. Em 1966, junto a Fidel, prepara uma nova missão na Bolívia, como líder dos camponeses e mineiros contrários ao governo militar. A tentativa acabou significando sua captura e posterior execução no dia 9 de outubro de 1967. Os restos do Che descansam no mausoléu da Praça Ernesto Che Guevara em Santa Clara, Cuba.
"Nasci na Argentina; não é um segredo para ninguém. Sou cubano e também sou argentino e, se não se ofendem as ilustríssimas senhorias da América Latina, me sinto tão patriota da América Latina, de qualquer país da América Latina, que no momento em que fosse necessário, estaria disposto a entregar a minha vida pela liberação de qualquer um dos países da América Latina, sem pedir nada para ninguém, sem exigir nada, sem explorar ninguém."




O SOCIALISMO E O HOMEM EM CUBA (1965)



«O caminho é longo e cheio de dificuldades. Às vezes, por extraviar a estrada, temos que retroceder; outras, por caminhar depressa demais, nos separamos das massas; em ocasiões, por ir lentamente sentimos de perto o hálito daqueles que pisam nos nossos calcanhares. Em nossa ambição de revolucionários, tratamos de caminhar o mais depressa possível, abrindo caminhos, mas sabemos que temos que nutrir-nos da massa e que esta só poderá avançar mais rápido se for alentada com nosso exemplo.»



MENSAGEM AOS POVOS DO MUNDO (1967)



«Toda a nossa ação é um grito de guerra contra o imperialismo e um clamor pela unidade dos povos contra o grande inimigo do gênero humano: os Estados Unidos da América do Norte. Em qualquer lugar que a morte nos surpreenda, que seja bem-vinda, sempre que esse, nosso grito de guerra, tenha chegado até um ouvido receptivo, e outra mão se estenda para empunhar nossas armas, e outros homens se prestem a entoar os cantos pesarosos com estrondos de metralhadoras e novos gritos de guerra e de vitória.»

Ernesto Che Guevara


Revolucionário e líder político latino-americano, cuja negação a aderir-se tanto ao capitalismo quanto ao comunismo ortodoxo, transformou-o num emblema da luta socialista. Por sua aparência selvagem, romântica e revolucionária, Che Guevara significa hoje uma lenda para os jovens revolucionários de todo o mundo, um exemplo de fidelidade e total devoção à união dos povos subjugados.